Neste domingo (12), aconteceu em Cajazeiras a 8ª edição da Caminhada da Pedra de Xangô, que reuniu devotos e simpatizantes do candomblé
Fé, alegria e resistência marcaram a VIII Caminhada da Pedra de Xangô, na manhã deste domingo (12), em Cajazeiras X. Neste ano, houve ainda um motivo a mais de comemoração. A previsão é que o monumento seja tombado pela Prefeitura de Salvador em março, durante o aniversário da capital.
Em maio do ano passado, foi homologada, pelo Plano Diretor do Desenvolvimento Urbano (PDDU), a Área de Proteção Ambiental (APA) da Pedra de Xangô, que era uma demanda do movimento negro. Ali será criado também o Parque em Rede Pedra de Xangô, que terá um posto avançado no Jardim Botânico. A informação é do subsecretário da Cidade Sustentável, José Augusto Saraiva Peixoto.
De acordo com Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos, o tombamento é uma conquista do povo negro. “É um movimento importante para a religião de matriz africana e importante também no combate à intolerância religiosa”, disse. Com o tombamento do local, além do parque, deve ser criado um conselho que vai ajudar a cuidar do lugar. “A gente vai fazer justiça e criar um marco religioso dentro de Cajazeiras”, explicou Guerreiro.
Festa
A animação tomou conta não apenas de mães e pais de santo, como de adeptos e simpatizantes do candomblé. A caminhada foi precedida por uma saudação a Exu, para abrir os caminhos dos devotos. Em seguida, os atabaques soaram e começaram os cânticos, dando início a caminhada, que saiu do começo da Avenida Assis Valente e foi até a Pedra de Xangô, num total de cerca de um quilômetro e meio.
Enquanto o mar de branco fazia o trajeto, cânticos eram soados e até mesmo um grupo de roda de capoeira levava alegria e mostrava a fé dos devotos. Este é o oitavo ano que o evento acontece, sempre no segundo domingo de fevereiro.
A história da Pedra de Xangô está associada a um símbolo de resistência. O monumento era usado por escravos que fugiam das fazendas localizadas na região, durante o século XIX, como esconderijo. Antes conhecida como Pedra do Buraco da Onça, ela ficava escondida por um matagal, que ajudava os escravos em sua fuga. Hoje, é considerada um monumento sagrado pelos religiosos de matriz africana.
o caráter de resistência contra a intolerância religiosa do evento. “Nossa religião afrodescendente é uma religião de resistência. É muito prazeroso saber que o nosso povo está unido em prol de uma única causa, que é a nossa religião. A gente sofre preconceito em todos os momentos, no banco, na escola. E essa caminhada é mais um símbolo da nossa resistência”.
XANGÔ
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil.
Xangô é o rei das pedreiras, Senhor dos coriscos e do trovão, Pai de justiça e o Orixá da política. Guerreiro, bravo e conquistador, Xangô também é conhecido como o Orixá mais vaidoso, entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Oba, que significa rei. E é o Orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele país.
No dia a dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos. Encontramos Xangô nas lideranças de sindicatos, associações, movimentos políticos, nos partidos políticos, nas campanhas políticas, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, a vontade, a iniciativa. Xangô é a rigidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o levante, a vontade de vencer.
Xangô é a capacidade de organizar e pôr em prática os projetos de diferentes áreas, é a reunião de pessoas, para discutirem pontos e estratégias de trabalho. Xangô também é o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado "sangue azul", o poder de liderança.
Ele está presente nos trabalhos de jornalistas, escritores, advogados, juízes, promotores, delegados, investigadores, deputados, senadores, vereadores, sindicalistas, líderes comunitários, administradores, etc. É o líder, o monarca, o reformador.
Xangô também é representado pela pedreira. É a pedra – seja ela qual for – a rocha, o fogo interior da terra. É a lava do vulcão e é o próprio vulcão. Está presente em todos os lugares rochosos e arenosos e também muito ligado ao calor do sol. É o justiceiro da Natureza, aquele que manda castigar e que também castiga.
Xangô está presente em muitos momentos importantes de nossas vidas, como, por exemplo: na assinatura de contratos e distratos, nos telegramas, nas leis e decretos, na confecção de códigos, livros, almanaques, dicionários, nas decisões judiciais, na voz da prisão, na autoridade do professor, do policial, do juiz, do pai ou da mãe, tio, avô, irmão mais velho ou responsável. Xangô é a atitude digna, a fortaleza, a decisão final.
Saudamos Xangô no ribombar dos trovões, pois ali está sua voz. Sentimos sua presença nos raios e nos grandes incêndios, situações que, por sinal, são também regidas por Iansã.
Xangô rege a bravura, o senso justo e todo elemento rochoso do mundo.
Mitologia
Filho de Bayani e marido de Iansã, Obá e Oxum, Xangô nasceu para reinar, para ser monarca e, como Ogum, para conquistar e solidificar, cada vez mais, sua condição de rei.
Uma das lendas que mostra bem o senso de justiça de Xangô, é aquela conta a história de uma conquista, feita pelo deus do trovão.Xangô, acompanhado de numeroso exército, viu-se frente à frente com o exército inimigo. Seus opositores tinham ordens de não fazer prisioneiros, destruir o inimigo, desde o mais simples guerreiro até os ministros e o próprio Xangô. E, ao longo da guerra, foi exatamente o que aconteceu. Aqueles que caíam prisioneiros dos exércitos inimigos de Xangô eram executados sumariamente, sem dó ou piedade, sendo os corpos mutilados devolvidos para que Xangô visse o suposto poder de seu inimigo.
Batalhas foram travadas nas matas, nas encostas dos morros, nos descampados. Xangô perdeu muitos homens, sofreu grandes baixas, pois seus inimigos eram impiedosos e bárbaros.
Do alto da pedreira, Xangô meditava, elaborava planos para derrotar seu inimigo, quando viu corpos de seus fiéis guerreiros serem jogados ao pé da montanha, mutilados, com os olhos arrancados e alguns com a cabeça decepada.
Isto provocou a ira de Xangô que, num movimento rápido e forte chocou seu machado contra pedra, provocando faíscas tão fortes que pareciam coriscos. E quanto mais forte batia mais os coriscos ganhavam força e atingiam seu inimigo.
Tantas foram as vezes que Xangô bateu seu machado na rocha, tantos foram os inimigos vencidos. Xangô triunfara, saíra vencedor. A força de seu machado de emudeceu e acovardou inimigo.
Com os inimigos aprisionados, os ministros de Xangô clamaram por justiça, pedindo a destruição total dos opositores. Um deles lembrou Xangô:
- Vamos liquidá-los a todos. Eles foram impiedosos com nossos guerreiros!
- Não! – enfatizou Xangô – meu ódio não pode ultrapassar os limites da justiça! Os guerreiros cumpriam ordens, foram fiéis aos seus superiores e não merecem ser destruídos. Mas, os líderes sim, estes sofrerão a ira de Xangô.
E, levantando seu machado em direção ao céu, Xangô gerou uma seqüência de raios, destruindo os chefes inimigos e liberando os guerreiros, que logo passaram a servi-lo com lealdade e fidelidade.
Assim, Xangô mostrou que a justiça está acima de tudo e que, sem ela, nenhuma conquista vale a pena, e o respeito pelo rei é mais importantes que o medo.
Esse é Xangô que, apesar de ser grande guerreiro, justo e conquistador, detesta a doença, a morte e aquilo que já morreu. Xangô é avesso a eguns (espíritos desencarnados). Admite-se que ele é numa espécie de ímã de eguns, daí sua aversão a eles.
Xangô costuma entregar a cabeça de seus filhos a Obaluaê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
O elemento fundamental de Xangô é o fogo.
Dados
Dia: quarta-feira;
Data: 29 de junho;
Metal: cobre, ouro e chumbo;
Cor: Vermelho e branco ou branco e marrom;
Partes do corpo: plexo solar, coração e as coronárias;
Comida: amalá (quiabo cortado) com rabada;
Arquétipo: sensuais e até agressivos, voluntariosos, qualidade de chefia e ansiosos pela posição de comando.
Símbolos:oses (machados), edun ará (pedra de raio), seré.
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